Por alguns (longos) meses me abstive de uma das coisas que
mais gosto de fazer: ler. Em uma dessas voltas que a vida dá, a danada levou o
meu foco e a minha concentração. Não conseguia me manter atenta e assimilar o
conteúdo de uma única página. Precisava ler e reler várias vezes para ficar com
a sensação de que entendi o que estava sendo dito ali, mas que ainda podia ser
melhor.
Tentei de tudo e de todos os tipos de livros. 50 tons de
cinza, Game of Thrones.. nem meu querido e amado Gabriel Garcia Marquez escapou
da maldição (se bem que Cem anos de solidão é um daqueles livros que precisam
de um esquema de post it na parede, sinalizando quem é quem, cruz credo). Nada
resolvia. Então, resolvi não lutar e deixar a maré me levar pra onde quisesse.
E foi justamente a maré que levou para Barba ensopada de
sangue (Daniel Galera), um romance sobre – veja só – busca e praia. Por um ano
ele ficou esquecido na estante, implorando por atenção. E por um ano ele foi
ignorado.
Até que num domingo despretensioso, precisava de alguma
coisa para me entreter até Niterói. E lá foi ele mais uma vez para dentro da
bolsa.. intimamente eu tinha a certeza de que ele faria um passeio pela Baía de
Guanabara apenas, pesando na bolsa e me fazendo pensar “pra que eu trouxe isso?”.
Mas os 30 segundos que me fizeram perder
a barca acabaram me provando o contrário.
Já tentei ler esse livro umas três vezes. Em todas elas,
parei nas primeiras páginas. Dessa vez alguma coisa mudou dentro de mim e em
dez minutos de leitura eu estava fissurada, desesperada para saber o que
acontecia depois. Quase perdi outra barca, quase tropecei e bati em tudo e
todos porque resolvi andar e ler (péssima ideia Bianca, péssima ideia).
Recuperei o foco! Recuperei a felicidade! E a alegria foi tão grande, mas tão
grande, que no dia seguinte decidi (re) começar a escrever, como uma espécie de
prêmio para mim mesma, uma recompensa.
E aqui estou eu J
Ah, ainda não terminei de ler o livro. Mas com certeza ele
já entrou para a lista dos melhores que já li, só pelo simples fato que me
tirar do hiato literário.
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